18 de junho de 2010

Seminário "Prós e Contras da Edificação Dispersa"


NOTAS SOBRE A OCUPAÇÃO DISPERSA, A PROPÓSITO DE UM DEBATE

Faro, Maio de 2010

No Seminário organizado pelo CAID e pela CCDRA, em Faro, ouviram-se opiniões fortes e contraditórias relativas à Ocupação Dispersa.
- A construção tem aumentado (uma evidência); os “filhos da Terra” não se conseguem instalar (refere um presidente de junta).
- Os novos habitantes originam rupturas sociológicas (afirma alguém); não se consegue construir habitações com dimensão adequada à procura (refere um promotor imobiliário)
- Parcelas de 1000 ou 2000 m2 são as adequadas à procura (refere um arquitecto); não se deve construir em parcelas inferiores a 10000 ou 20000 m2 (estabelece a normativa).
- Estão a ser construídas infra-estruturas para quê, se não se permite a edificação? (refere um construtor civil).
- A edificação impede o contínuo ecológico, os ecossistemas estão a degradar-se (afirma um paisagista); os terrenos não edificados estão ao abandono (refere um presidente de junta).

Quem terá razão, nestes argumentos pró e contra a Ocupação Dispersa? Aparentemente todos relatam a realidade, todos parecem ter razão, ou pelo menos a sua razão, se nos centrarmos no respectivo ponto de vista.
Mas, então, como explicar a situação? Assumindo, sem subterfúgios, que as actuais dinâmicas de ocupação do território estão a originar desequilíbrios, não apenas no que respeita aos ecossistemas biofísicos, mas também no âmbito das relações sociais e económicas e, genericamente, na relação entre Homem e Ambiente.
Já antes existia, em diversos locais e nomeadamente no Algarve, uma Ocupação Dispersa, sendo consensual considerar que tal ocupação, assente na actividade agrícola, correspondia um equilíbrio entre recursos, actividade económica, serviço de infra-estrutura, relações sociais.
Não é o que acontece actualmente. A diversidade de interesses, actividades, perspectivas, confronta-se entre si, por vezes de forma antagónica, não se afigurando fácil perspectivar o desenho de um novo equilíbrio.

Mas há que procurá-lo, há que o encontrar e, para tal, sem pretender ter a solução, arrisco algumas opiniões preliminares:
- O Urbano deve ser de facto urbano, como antes o era, com continuidade e compacidade edificatória e com mistura funcional.
- No Rural, deve procurar-se que a dimensão das parcelas seja a adequada a explorações agrícolas ou a explorações florestais (o que, em muitos casos, exige emparcelamento) e a edificação deve ser contida, apenas a necessária para potenciar e complementar a actividade agro-florestal (o que pode incluir turismo e indústria transformadora, mas dificilmente funções meramente residenciais).
- A Ocupação Dispersa existente deve ser assumida, delimitada e organizada, buscando e testando equilíbrios e complementaridades (entre actividades e destas com os recursos biofísicos) e adoptando serviços de infra-estruturas, distintos dos do Urbano, compatibilizados com uma adequada carga de utilização.
- O Território deve ser assumido como um todo, sendo sobretudo a uma escala alargada que devem ser defendidos os ecossistemas e perspectivada a distribuição das diversas actividades económicas, residenciais e de lazer, considerando e potenciando as diversas formas de ocupação do território, assumindo que a Ocupação Dispersa é uma delas.

Jorge Carvalho

10 de junho de 2010

Seminário "Prós e Contras da Edificação Dispersa"


PRÓS E CONTRAS DA EDIFICAÇÃO DISPERSA
RESUMO (em forma de frases soltas)

CONTRA
A edificação dispersa promove:
1 – destruição da biodiversidade
2 - destruição da paisagem.

O “corridinho urbanístico” do Algarve destruiu as suas potencialidades.

As funções da paisagem não são meramente cénicas, ela promove a produção de água de qualidade, a biodiversidade e a amenidade climática entre outras.

É insustentável não ter paisagens em contínuo.

Custos da dispersão:
1 - Implementação e manutenção de infras.
2 – Custos de segurança.

O Algarve foi destruído

A paisagem não se pode recuperar à base de jardins.


A FAVOR
As cidades também têm custos ambientais.

Volumetrias reduzidas.

Construir no Algarve é um modo de exportar.

Não se compreende a reduzida dimensão da capacidade construtiva face à grande dimensão da propriedade.

Fomento do imposto autárquico.

Presença no terreno cuidando dele.

Evita o abandono e fixa os “filhos da terra”.

Acaba com o fomento do abandono dos campos e concentração na cidade.

A Administração produz legislação avulsa, em gabinete, sem ligação com a realidade, focada meramente em índices e liderada por estratégias exteriores à região.

Ausência de controle de aspectos arquitectónicos complementares muito importantes.

Não se pode ter uma posição preconceituosa contra a edificação dispersa.

O PROTAL tem uma atitude visceralmente contra a dispersão urbana.

Existem soluções técnicas que permitem a fixação em zonas dispersas sem sobrecarregar as infraestruturas.


NEM CONTRA NEM A FAVOR

Os custos devem ser assumidos por quem os produz.

Todas as intervenções falam com razão o que significa um desiquilibrio patente na forma de viver a ocupação quer num modo concentrado quer num modo disperso.

Esta região tem tido dois pesos e duas mediadas.

Os custos de manutenção da paisagem devem ser assumidos colectivamente.

É importante aprofundar as questões.

É importante chegar ao “como?”.

Os problemas do Algarve são comuns ao País e às regiões turísticas.

Seria conveniente expressar mais sistemas de solução e menos de indignação.

É importante introduzir sistemas económicos de regulação.

Cartografia, Cadastro e Lei de Solos – o fundamental.

ALGARVE – 28 de MAIO de 2010

joão aboim

9 de junho de 2010

Aqui na Terra, pel´A Rua da Estrada


Quando? 9 de Junho - 21.30
Onde? Porto - Feira do Livro - auditório da APEL
Com quem? Miguel Carvalho e Álvaro Domingues

Miguel Carvalho e Álvaro Domingues vão andar Aqui na Terra, pel´A Rua da Estrada. Isto é: através dos livros de ambos, tentaremos cruzar caminhos de Portugal, com fotografias e textos.