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SEXTA-FEIRA, 12 DE DEZEMBRO DE 2014
Para Álvaro Domingues, a estrada e tudo que a ela se pode referenciar, não se podem decifrar como quem lê um texto linear e estruturado. A estrada é um hipertexto em construção contínua (cfr: página 145).
Por isso, o autor dispõe-se a ajudar-nos a ler aquele hipertexto.
A imaginação do autor é diretamente proporcional à fantasia que margina (em alguns casos ocupa) a rua da estrada. Os factos retratados (retrato + tratado) são tão caricatos, absurdos, que a linguagem, para concorrer com os mesmos, é o mais metafórica possível.
Em resumo: é um livro de e sobre metalinguagem estradal.
Imperdível: a casa atropelada[1] (página 46) e a casa com piercing (cfr: página 55).
Novidade: eu pensava que a “Casa da Trofa” correspondia à “Casa dos Venezuelanos”. Ou será que a “Casa da Trofa” é a “Casa dos Venezuelanos” copiada e divulgada pelo Gabinete Técnico da Trofa (cfr: página 40)?
Omissão: não se abordou o Portugal convexo.
Proposta: falta acrescentar a noção de estrada ratada. É a estrada que, sendo demorada e sub-repticiamente ocupada nas suas margens (às vezes atinge a plataforma) por equipamentos (móveis e imóveis), acaba por se desvalorizar (como a moeda na idade média), de tal modo que é decidido construir uma Variante. Então passamos a ter: a rua da estrada ratada (as mais das vezes de sentido único) e a Avenida da Variante (cfr: página 157).
Vila Nova de Gaia, 12 de dezembro de 2014.
[1] Será que foi atropelada por um camião cheio de coincidências, má vontade, lapsos e aselhice?
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http://umreinomaravilhoso.blogs.sapo.pt/a-rua-da-estrada-de-alvaro-domingues-162350#_ftn1
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