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20 Fevereiro 2015
Por Álvaro Domingues, FAUP, 18 de Fevereiro de 2015
QUANDO nos lameiros do Tâmega o gado ruminava nos prados, não se imaginaria que aí se pudesse erguer esta poesia branca, uma rigorosa geometria em betão pousada sobre uma sequência de finas paredes-lâmina que a levantam do chão e a defendem das águas se a enchente do rio galgar as margens. À volta, os muros toscos e as ruínas de casas de gados e gente ecoam o mundo que houve e que aí fica como memória de tempos e de outros trabalhos e dias; as nogueiras, as macieiras ou as figueiras completam essa atmosfera-paisagem a que um certo artista dizia estar preso por hereditariedade transmontana.
O Nadir Afonso na sua tese de final de curso dizia que a arquitectura não é uma arte. Pode ser que a maior parte não seja! Se Siza Vieira apenas soubesse ou quisesse proteger a pintura de Nadir, bastava que cuidasse que não lhe chovesse em cima e que o sol não lhe desbotasse as tintas. Mas não…, pois não só espalhou formas elementares de círculos, triângulos e quadrados no labirinto das lâminas – um jogo de leis nos espaços que estão na natureza e no espíritos dos homens, dizia assim Nadir da emoção artística -, como lhe dedicou uma obra de arte que é um espectáculo de plenitude, de exactidão, de absoluto.Não tarda nada e a harmonia matemática do Nadir virá aqui habitar com todas as suas cores e espaços ilimitados…
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http://www.correiodoporto.pt/dooutromundo/do-siza-para-o-nadir-a-arquitectura-e-uma-arte
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