E assim me imbui da ideia da bondade do crescimento “espontâneo” seguindo “realisticamente” as forças do mercado: encantei-me com a capacidade de adaptação às oportunidades (ou à falta delas), com a criatividade e espírito de iniciativa: que morra o que tem de morrer e que viva o que tem de viver e cada um que faça pela vida…
Mas logo, porém, é fatal, comecei a pensar que a bondade deste crescimento espontâneo tem, no entanto, limites sérios que apelam afinal a soluções de planeamento e de ordenamento sob pena de uma enorme entropia. Assim, por exemplo:
Apesar de as coisas se irei, digamos, resolvendo, o facto é que a realidade dos sistemas de abastecimento de água e de esgotos deve estar longe de estar satisfatoriamente resolvida e que, por outro lado, a existência dentro deste grande contínuo “rur/urbano” de uma agricultura rentável e de solos agrícolas encontra-se sobre intensa pressão, ameaçada por uma ocupação urbana crescente e difusa, não só pela ocupações dos solos como pelas diversas poluições existentes e fluxos de tráfego conflituantes em caminhos e vias de acesso que devem existir (uma coisa são os quintais das casas e a diversidade de modos de vida que podem permitir e outra uma produção agrícola para mercados mais alargados que mesmo sendo em estufas, como vimos, precisam de condições e nomeadamente de solos).
Enfim, aceitando o desafio de não nos encaixarmos em modelos para olhar a realidade e para responder às suas dificuldades, o facto é que também aqui há que encontrar respostas a dar pelas redes de equipamentos, serviços de saúde e de educação por exemplo mas não só, o que reclama um esforço de ordenamento pois não é pensável que tudo se resolva simplesmente seguindo a forma espontânea de ser e sem um nível de hierarquização desses equipamentos. Pelo contrário, fiquei com a sensação que há muitas coisas para reconsiderar e para resolver e que não será possível apenas com os recursos gerados na região.
Também retive a imagem de armazéns e fábricas abandonados ou fechados ( alguns pelos efeitos da crise actual), o que sugere a oportunidade de um esforço programado de projectos de reutilização que evitem novos avanços sobre os solos agrícolas (foram dados alguns exemplos que suponham são muito pontuais)
A mistura de usos é até certo ponto de promover em desfavor de um zonamento funcional excessivo, contudo a mistura total de usos ao sabor da corrente onde nos leva? Julgo que há limites às adaptações espontâneas, a menos que e se caminhe para conflitos de usos que se multiplicam e ampliam (poluição das águas e, fluxos de tráfego excessivo que põem em causa o próprio uso da rua da estrada como montra e espaço de comércio, o caos da paisagem…)
Por último, o caminho-de-ferro parece ser desvalorizado. Será que há razão para isso? Para mim não foi muito claro apesar do que foi dito: o caminho de ferro para além de outros contributos pode ter também uma função organizadora do espaço que talvez esteja a ser ignorada por causa do excessivo foco na rua da estrada e no modo rodoviário que a sustenta, ora vários factores como a crise energética, por exemplo, levam a que na actualidade se volte a olhar com um novo interesse para o caminho-de-ferro .
Feitos estes comentários quero só dizer que a forma viva da apresentação e todo o passeio forma muito estimulantes e espera-se mais. Obrigada
Mª Albina Martinho
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