O que vou dizer não sei se tem exactamente a ver com a dispersão, mas quem sabe terá alguma coisa a ver (pensemos por exemplo nas zonas de moradias isoladas em que as medidas de segurança se acumulam). Bom, na dúvida, porque não deixar aqui esta reflexão ou uma certa consternação com alguns sinais dos tempos que nem sempre nos parecem auspiciosos.
É que sem dar por isso, ou antes, habituando-nos a isso, vemos os muros das casas e dos quintais a subir, as grades nas janelas a multiplicar-se, os condomínios fechados a surgir como cogumelos.
Conjugam-se para isso vários factores: instabilidade e transformações sociais, aumento de assaltos ampliado pela comunicação social, crescimento de uma economia da segurança, privatização da segurança, pressão do sector imobiliário para formas urbanísticas de elevado preço como é, em geral, o caso dos condomínios fechados, etc..
Assim os que podem e querem abrigam-se nos modernos castelos e os outros vão subindo os muros e colocando grades e engaiolando-se - é o fenómeno da insegurança/segurança – a condicionar e a ir tomando conta das nossas vidas, alterando pelo caminho o urbanismo e a paisagem urbana. Nas ruas das cidades e nos espaços públicos as câmaras de filmar começam a fazer-nos companhia e pedem-nos em letreiros simpáticos “sorria está a ser filmado” e dou logo comigo a sorrir, acaba por ser útil.
Não sei se esta tendência tem, como disse, uma relação muito directa com a dispersão mas leio nestes sinais alguma coisa a ver com formas futuras de urbanismo que não sei se me agradam, se são amigáveis e anunciadoras de uma sociedade desejável.
Deixo por isso estes comentários pois talvez vá chegando o tempo de no domínio do urbanismo e do ordenamento do território se fazer alguma reflexão nesta matéria.”
Maria Albina Martinho
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