19 de maio de 2012

Habitar a cidade e as paisagens de proximidade

Artigo XI, da série "habitar e viver melhor"
António Baptista Coelho

No presente artigo desenvolve-se uma reflexão sobre um habitar expandido para lá das paredes da habitação de cada um e, designadamente, para os "terceiros" espaços, ou terceiro "sítios", um conceito desenvolvido por Ray Oldenburg ... e não é possível deixar de salientar aqui o grande número de casos, nas nossas cidade e povoações, em que ou nem há espaços/sítios desse tipo, ou eles são desenvolvidos sem quaisquer cuidados de funcionalidade e de sensibilidade, esta última essencial para se poderem criar verdadeiros "sítios" de vivência hurmana e urbana de proximidade.

Esta reflexão inicia-se com a perspectiva da urgente recuperaçao de um uso intenso do exterior na cidade e no habitar e desenvolve-se, depois, numa abordagem mais focada da essencial e associada criação de verdadeiras paisagens de proximidade.

- Recuperar um uso intenso do exterior na cidade e no habitar
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Fora do espaço habitacional privado uma fundamentada inovação no habitar parece dever centrar-se nas soluções de vizinhança, numa tendência que se julga ter grande potencial. Estão neste caso quer misturas tipológicas variadas e razoavelmente compactas, criando ruas, pracetas residenciais e vizinhanças afirmadas, servidas por diversas tipologias de acesso e edifícios fortemente articulados com espaços exteriores públicos, embora, por vezes, com um carácter de fruição aparentemente limitado às respectivas vizinhanças, quer um uso específico dos espaços exteriores à porta de casa e dos equipamentos mais próximos como verdadeiras extensões dos nossos mundos domésticos, uma condição que exige elevada capacidade e sensibilidade de concepção.
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Fica, assim, a esperança de que habitar a vizinhança, o pequeno bairro e a cidade possa voltar a ser bastante mais do que habitar a casa de cada um de uma forma mais ou menos “doentia”, num isolamento tirano e tornado crítico, não com as novas tecnologias, porque estas criam laços complementares, mas por uma forma de estar na sociedade em que parece que praticamente só o indivíduo conta.

- Criação de verdadeiras paisagens de proximidade

... a recuperação de um uso intenso do exterior na cidade e no habitar... terá tudo a ver com uma adequada (re)criação de verdadeiras paisagens de proximidade...

Um primeiro aspecto é que a construção de verdadeiras paisagens de proximidade... é um assunto essencial da Arquitectura pois
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tem a ver com a possibilidade de se criarem sítios relativamente únicos e atraentes, excelentes contentores de uma identidade paisagística local, ou de imagem urbana local, que seja um claro elemento aditivo de construção de uma paisagem urbana rica e diversificada.

Um segundo aspecto tem a ver com ser fundamental trabalhar a proximidade, nos seus aspectos de pormenorização, de cuidada diferenciação e de adaptação às inúmeras circunstâncias locais, quando se projecta a escala urbana da vizinhança...

Há ainda um terceiro aspecto, menos palpável, mas igualmente interessante, que se poderá definir como a capacidade activa de uma paisagem de proximidade para a construção de um sentimento local específico, muito efectivo e afectivo de forte interiorização residencial...

In:
Infohabitar, Ano VIII, n.º 392

Link para o texto integral:
http://infohabitar.blogspot.pt/

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