15 de agosto de 2012

Vizinhanças seguras e ambientalmente agradáveis

António Baptista Coelho
Infohabitar Ano VIII, N.º 404
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... a organização urbana e pormenorizada das vizinhanças residenciais, quando desenvolvida, designadamente, no sentido de apoiar as melhores condições de recreio e de estadia para crianças e idosos deverá proporcionar um conjunto muito amplo e diversificado de relações espaciais e visuais que garantam um máximo de acompanhamento das actividades no exterior público:

- por parte do conjunto de actividades que aí se desenvolvem (por exemplo, a partir de uma esplanada ser possível intervir num parque infantil);

- e por parte das actividades que se baseiam na envolvente edificada desse mesmo exterior (habitações e equipamentos);

e um acompanhamento que tem de ser conjugado com a previsão de uma delimitação estratégica e de um controlo natural dos principais acessos públicos aos espaços exteriores de vizinhança, e também com a previsão do acesso de emergência a esses exteriores.
Desta forma será possível a criação de um meio de vizinhança naturalmente controlado pelos respectivos vizinhos, onde qualquer intrusão, embora se possa fazer devido a uma agradável ausência de barreiras efectivas, será objecto de um controlo e acompanhamento naturais, possibilitando-se, também, que, por se disponibilizarem boas condições de visibilidade mútua e de adequado equipamento de recreio e convivial, o uso dos exteriores de vizinhança se faça com intensidade, gerando-se, assim, um conjunto integrado de condições que são, elas próprias, a melhor prevenção para eventuais problemas de insegurança
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... é possível referir que a existência de um sentimento de forte identificação com o local e a sua caracterização como abrigado e sossegado, são qualidades residenciais associadas, frequentemente, a um agradável nível de convivialidade e a um razoável sentido de segurança nos respectivos espaços públicos.
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... dois outros aspectos fundamentais para o mais intenso e, consequentemente, mais seguro uso do exterior de vizinhança:

(i) o desenvolvimento de um adequado sistema de gestão local de proximidade, que melhore condições de equipamento, vitalização, manutenção e limpeza da respectiva vizinhança, com as naturais consequências em termos de um seu uso mais intenso – e a este sistema de gestão deveria ser associado um programa de policiamento de proximidade, com evidentes vantagens directas na melhor gestão local e, naturalmente, na segurança;

(ii) e o desenvolvimento de um exterior de vizinhança globalmente concebido e pormenorizadamente equipado tendo em vista um máximo de condições de conforto ambiental no exterior.
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... um conjunto de condições que facilitam a gestão do exterior...

- remates claramente definidos e bem tratados entre diferentes territórios;

- qualidade da configuração urbanística e funcional;

- morfologia urbana estável;

- boa capacidade de infraestruturas e equipamentos;

- acerto cuidadoso na implantação dos edifícios, por boa compatibilização entre cotas mestras de soleira, passeios e rasantes de arruamentos;

- espaços exteriores de reserva em quantidade suficiente;

- protecção do verde urbano e verde urbano bem localizado e dimensionado;

- inexistência de lacunas no tecido urbano;

- tecido urbano ritmado e articulado por diversos elementos (praças, avenidas, alamedas, esplanadas, logradouros, etc.);

- sustentabilidade/capacidade de “sobrevivência” e de vitalização das actividades, por equilíbrio entre custos de instalação e de manutenção;

- qualidade do projecto e da obra.

Considerando-se um exterior de vizinhança globalmente concebido e pormenorizadamente equipado tendo em vista um máximo de condições de conforto ambiental no exterior há que referir que um tal cuidado deveria ser básico numa adequada intervenção de Arquitectura, pois há aspectos de insolação, sombreamento, orientação solar, agradável refrescamento por brisas e outros a eles associados, que deveriam ser protagonistas directos não só na implantação das sequências e dos conjuntos de edifícios, como dos respectivos e contíguos conjuntos e encadeamentos de espaços exteriores.
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... não tenhamos quaisquer dúvidas de que é fundamental tudo fazer para dinamizar o uso dos espaços exteriores públicos, numa desejável teia de sequências de espaços de vizinhança, pois de uma tal opção depende em boa parte a fundamental revitalização da cidade e, naturalmente, as suas condições de segurança e de agrdabilidade no uso corrente.

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