Artigo XXIV da Série habitar e viver melhor
Infohabitar Ano VIII, N.º 414
António Baptista Coelho
A construção de uma Arquitectura Urbana e do Habitar, estimulante porque harmonizada com as boas medidas do homem e bem reflectidas nas boas medidas da cidade e das vizinhanças que a compõem, nunca será possível em espaços urbanos monótonos e descaracterizados.
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... nesta matéria não seria possível deixar de lembrar outro autor ... de acordo com o clássico estudo de Kevin Lynch sobre a imagem urbana esta concretiza-se em cinco tipos fundamentais de elementos:
• as vias, canais ao longo dos quais as pessoas se deslocam habitual, ocasional ou potencialmente;
• os limites, elementos lineares que as pessoas não usam ou consideram como vias, e que constituem fronteiras, soluções de continuidade e elementos de referência;
• os bairros, partes da cidade com um tamanho tão grande, que caracterizam um espaço tridimensional onde podemos penetrar mentalmente, reconhecendo um carácter geral bem identificável;
• os nós, que são pontos e locais estratégicos da cidade onde podemos penetrar, pólos que dão origem e destino às nossas deslocações, sendo, naturalmente, confluências de vias e estruturando acontecimentos singulares ao longo delas, assumindo-se, por vezes, em pólos de animação dos bairros;
• e, finalmente, os pontos de referência, que são referências pontuais, externas ao observador (ex., edifício singular, anúncio muito evidente, loja característica, montanha dominante, etc.), longínquas ou marcando, directamente, constantes direccionais, percursos e sequências de vistas.
E Lynch remata este seu modelo de imagem urbana, referindo que é preciso modelar estes elementos conjuntamente, para que se possa atingir uma forma urbana consistente, através de grupos de elementos semelhantes ou distintos, que se reforcem mutuamente, e que, podemos provavelmente concluir, ao se integrarem e reforçarem constroem uma imagem unitária que dificilmente será igual a qualquer outra.
E tomando estas ideias de modelação conjunta e mutuamente reforçada de elementos sempre ao serviço de uma forma urbana e habitada consistente, será sempre oportuno relembrar algumas das muitas e preciosas lições de Herman Hertzberger (1991):
• “A arquitetura deve ser generosa e convidativa para todos, sem distinção… O arquiteto é como o médico … deve simplesmente providenciar para que aquilo que pratica faça com que alguém se sinta melhor” (p.267).
• “Devemos ter cuidado para não deixar buracos e cantos perdidos e sem utilidade, que como não servem para nenhum objetivo, são «inabitáveis». Um arquiteto não deve desperdiçar espaço… pelo contrário deve acrescentar espaço… também em lugares que em geral não despertam atenção, isto é, entre as coisas” (p.186).
• “Onde quer que haja desperdício de espaço para o trânsito, os edifícios se tornam isolados, distantes entre si, isso faz com que seja impossível que o espaço urbano evolua organicamente” (p. 192).
• (e ainda Hertzberger, p.193, citando Aldo van Eyck): “Faça de cada coisa um lugar, faça de cada casa e de cada cidade uma porção de lugares, pois uma casa é uma cidade em miniatura e uma cidade é uma casa enorme. O espaço deve ser articulado para criar lugares… quanto mais articulação houver, menor será a unidade espacial, e, quantos mais centros de atenção existirem, mais o efeito total será individualizante.”
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10 de dezembro de 2012
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