23 de março de 2013

Metapolis em construção – uma análise multi-temporal e multi-escalar

Teresa Sá MARQUES
Filipe Batista SILVA

Comunicação apresentada no
XII Colóquio Ibérico de Geografia

1. Enquadramento
A expansão da ocupação urbana tem sido objecto de um grande número de estudos na segunda metade do século XX e inícios do XXI, com enfoques muito variados1. Esta fase de evolução dos territórios urbanos associa-se a uma mancha urbana extensa, descontínua, heterogénea e multipolar. Os intensos processos de urbanização e expansão reticular das cidades, geralmente associados ao desenvolvimento das metrópoles2, criam periferias urbanas diferentes das que foram formadas desde a revolução industrial até à década de 1960. Como refere Dematteis (1998), as novas periferias reflectem as mudanças das estruturas territoriais urbanas (desurbanização, contraurbanização), das formas de comunicação e informação, e dos modos de organização e regulaçãoo social (posfordismo).
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2. Uma reflexão multi-escalar e multi-temporal
Os processos de edificação e urbanização, assim como o ordenamento do território e o urbanismo, são de natureza multi-escalares (realizados a várias escalas) e inter-escalares (articulação entre escalas). A forma metropolitana actual não resulta de uma unidade de formas contínuas e regulares, mas é o resultado de um patchwork de formas, que se foram combinando em termos horizontais mas também sobrepondo, numa lógica de estratos. Assim, sobre um suporte geográfico natural foram-se justapondo e por vezes sobrepondo edificações e infraestruturas, criando uma cidade dilatada, dispersa, heterogénea, enfim uma grande mancha urbana descontínua. Uma análise aprofundada revela as lógicas subjacentes, que explicam as dinâmicas das regiões urbanas e as formas de articulação entre as diferentes componentes.
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3. Fragmentação territorial





4. Policentrismo urbano








5. Conclusão reflexiva
Ao analisar as morfologias urbanas e as interacções entre as diferentes escalas, numa perspectiva temporal, é possível compreender melhor a complexidade da metapolis e caminhar para o reconhecimento de sínteses de morfo-tipologias urbanas. Interessava perceber de que forma os territórios se geram e se sustentam mutuamente, através de inter-relações dinâmicas e de relacionamentos entre funções urbanas.
O estudo das formas urbanas enquanto permanências em mutação sugere transformações e constitui uma importante matéria-prima para a reflexão urbanística. O peso dos núcleos antigos na nuclearização e organização do crescimento territorial confere uma heterogeneidade e uma complexidade morfo-tipológica específica à região metropolitana do Porto. O sistema metropolitano tem um carácter claramente polinuclear, constituído pelas cidades “tradicionais” e as novas polaridades (fruto dos processos de inovação ou desconcentração das actividades produtivas industriais ou terciárias). A intensa mistura de usos e actividades e os valores naturais em presença traduzem-se numa diversidade funcional e paisagística que torna esta metrópole singular.
O estudo das formas urbanas é essencial para compreender a cidade contemporânea e fulcral para reflectir os processos económicas. Este estudo vai para além das configurações exclusivamente físico-espaciais, pois aborda os processos funcionais. As cidades e metrópoles crescem numa variedade de formas complexas e dinâmicas (as formas urbanas por vezes trocam de posição nas regiões urbanas, veja-se a periferização de alguns centros e a centralização de algumas periferias).
Os ritmos dos processos (as alterações das condicionantes ambientais, o envelhecimento da população, a crise económico-financeira e a crise energética poderão ter grandes implicações no arranjo espacial das actividades e da escolha da residência) e as incertezas do mundo actual, transmite-nos uma grande insegurança analítica. Num posicionamento prospectivo, há uma grande incerteza em relação às futuras necessidades de espaço e às condições necessárias para sustentar uma variedade de necessidades de uma população urbana crescente. Tais condições incluem novas formas de viver, trabalhar e comprar, aprender e ocupar os tempos livres, bem como novas formas de produção e transporte, sem esquecer as condições básicas de vida, tais como um alojamento seguro e uma oferta de água potável e alimentos saudáveis. Neste contexto, o estudo das formas metropolitanas tem de ser um processo, sempre atento e sempre em curso.

Referências bibliográficas

In:
Actas do XII Colóquio Ibérico de Geografia
6 a 9 de Outubro 2010, Porto: Faculdade de Letras (Universidade do Porto)

Link para artigo completo:
http://web.letras.up.pt/xiicig/comunicacoes/291.pdf

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