5 de julho de 2013

A emergência da dimensão existencial nas cidades - Uma proposta a partir do Centro Histórico de Évora

Autora:
Susana Mourão
Infohabitar, Ano IX, n.º 446

Resumo

O Centro Histórico de Évora é Património Mundial desde 1986, pelo seu conjunto de valor patrimonial que é um elemento primordial de estruturação, caracterização, e identificação da cidade de Évora. Para a Salvaguarda e Valorização Patrimonial do Centro Histórico de Évora foi desenvolvida uma política de preservação do seu carácter patrimonial e dos elementos que constituem a sua imagem adaptando-os à vida contemporânea, e todas as intervenções são condicionadas ao seu valor patrimonial e ao seu espaço envolvente. Neste sentido, com a Classificação de Património Mundial e a sua respectiva política de Salvaguarda e Valorização Patrimonial, podemos afirmar, que o Centro Histórico de Évora de um lugar de vocação Patrimonial.

Mas, o carácter do Centro Histórico de Évora vai além da sua “imagem” patrimonial ou dos elementos patrimoniais que o constituem, ele é um lugar do dia-a-dia da vida humana, sendo o seu espaço preenchido pelo sentido humano de habitar. Por isso, o carácter deste lugar é significativo e não apenas uma imagem para quem o habita. Assim, sendo o Centro Histórico de Évora um lugar habitado, a sua política de Salvaguarda e Valorização Patrimonial está distante de quem o habita, sendo emergente a sua dimensão existencial.
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Conclusão

Após a análise, da política de Salvaguarda e Valorização do Centro Histórico de Évora, e a sua implementação através do rigor de um projecto de reabilitação de um edifício, condicionado às questões patrimoniais, podemos afirmar, que esta competência de reabilitação apoia-se num planeamento prospectivo que parte do seu património físico e projecta a preservação da sua imagem para o futuro, e esquece a sua dimensão existencial, isto é, o modo como se vive e como se sente no Centro Histórico de Évora.

Assim, é necessário que esta política de salvaguarda e valorização patrimonial ultrapasse este impasse de “culto patrimonial” que está distante do fenómeno do dia a dia da vida humana: o Centro Histórico de Évora é um lugar habitado.

Enquanto lugar habitado, o Centro Histórico de Évora não é um espaço “vazio” e com um carácter meramente visual, mas sim um espaço preenchido pelo sentido humano e revela um carácter significativo por quem o habita. Para tentar sair deste “culto”, temos que tentar olhar o corpo patrimonial do Centro Histórico de Évora como equivalente simbólico ao corpo humano, e reabilitar este corpo patrimonial é sinónimo de reabilitar o corpo de quem o habita. Assim, a partir desta experiência no Centro Histórico de Évora propõe-se a emergência da dimensão existencial nas cidades, porque “as cidades actuais vivem em função de um passado, presente e futuro através do seu planeamento prospectivo. Este planeamento prospectivo é fruto de uma cultura tecnológica, que valoriza o tempo futuro e operatório das mudanças nas cidades, e esquece o tempo existencial de como as cidades vivem e sentem o seu tempo.”

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