6 de junho de 2012

VIZINHANÇAS CONVIVIAIS E FUNCIONAIS

Artigo XIV, da série habitar e viver melhor
Infohabitar, Ano VIII, n.º 395

António Baptista Coelho

INTRODUÇÃO

Antes de avançar mais nesta ideia de vizinhança há que esclarecer que o que aqui se propõe como ideia de vizinhança é, de certo modo, a constituição de soluções de agrupamento de edifícios e de espaços exteriores públicos que proporcionem a possibilidade de se constituírem relações de vizinhança naturais, não “impostas”, entre quem usa/habita aí e na respectiva envolvente; é isto que se tem em mente e não qualquer ideia de uma convivialidade obrigatória ou concentracionária, através de acessos obrigatórios por determinados “pontos”, e por espaços de circulação em que as pessoas se acotovelem – ou sejam "obrigadas" a constantes relações "olhos nos olhos" – e acredita-se mesmo que estas últimas condições terão, até, como consequência frequente a ausência de uma vizinhança positivamente efectiva e eventualmente afectiva, podendo mesmo resultar em conflitos frequentes entre utentes.

VIZINHANÇAS CONVIVIAIS
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... muitos dos nossos espaços de habitar edifícios e partes de cidade são, objectivamente, avessos a qualquer possibilidade de convívio natural, muito provavelmente por ausência de uma tal preocupação, e o que se defende é que deve ser possível o convívio, por opção de quem convive, e que para tal possibilidade muito contribuirá uma solução urbana e habitacional humanizada e amiga de uma tal possibilidade natural e livremente assumida desse convívio; julga-se que uma tal possibilidade deveria ser, mesmo, um direito de quem habita, um direito que se concretizaria em cenários activos urbanos e residenciais propícios à eclosão de um tal convívio, e que deixariam, portanto, a cada um, a escolha entre conviver ou não conviver com os seus vizinhos.
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... à possibilidade convivial importa juntar, no espaço público de uma cidade habitada, a qualidade “gémea” do espaço que estimula e agrada, a qualidade de um espaço convidativo.
... é fundamental reinventar um espaço urbano que nos cative através de um desenho sensível e de um constante e sequencial investimento num espaço público que seja cada vez mais intensa e densamente usado, como espaço de estar e não apenas como passagem, em si próprio, nas suas ruelas e pracetas, e na continuidade da sua vida urbana, nas suas lojas de esquina e passagens curiosas
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... cada vez mais, e mais urgentemente, o habitar tem de voltar a ser entendido e vivido, verdadeiramente, numa perspectiva ampla, como entidade viva, que contribua para a vida da vizinhança, do bairro e da cidade. E portanto, quando pensamos nas vizinhanças urbanas, que são as células de uma cidade, elas devem integrar, além das habitações, pequenos equipamentos adequados ao serviço das diversas necessidades dos habitantes, mas também ao estímulo do convívio natural e mesmo de uma verdadeira extensão do habitar para além das paredes da casa de cada um. São, por exemplo, os pequenos cafés e restaurantes estrategicamente situados em esquinas e passagens, que se tornam verdadeiros prolongamentos das nossas casas, e também todo um leque de outros equipamentos de proximidade e de acessibilidade que tornam a cidade circunvizinha mais habitável e amigável, que podem prestar serviços específicos, mas onde seja também possível o estar e o convívio espontâneo...
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VIZINHANÇAS FUNCIONAIS

Depois de se ter apontado a importância da criação de espaços de vizinhança de proximidade que constituam verdadeiros prolongamentos, seja da habitação sobre a cidade, seja da cidade sobre a proximidade directa da habitação é naturalmente útil apontar quais os caminhos a privilegiar nestes espaços.
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Enviado por:
António Baptista Coelho

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