8 de julho de 2013

A revolução urbana

JOÃO SEIXAS
Geógrafo
domingo, 30 Junho 2013

Sucedem-se as análises em torno do que se passa na Turquia e nas principais cidades do Brasil. Aqui vai mais uma. Quase todas dizem que as revoltas são sustentadas por classes médias insatisfeitas, transmitidas por redes sociais, e que começaram com "motivos menores". Um pequeno parque em Istambul e 20 cêntimos de aumento nas tarifas dos ônibus urbanos brasileiros. Coisas pequenas, rastilhos enormes. Estes motivos são, porém, tudo menos menores. São elementos fortemente urbanos, e de vida urbana por excelência, pelo que compreendem e significam. Um parque verde central e muito popular face a um centro comercial banalizador e imposto por cima; tarifas de mobilidade urbana de um país imenso face a milionários estádios de futebol e outras derivas imobiliárias "emergentes" e efémeras; não são, de forma alguma, conflitos "locais". São extraordinariamente globais. São conflitos entre oligarquias e democracias; entre vidas artificiais e vidas reais. E são o prenúncio de uma revolução urbana, que se sucederá por todo o planeta. E que conviria que fosse acompanhada pela política, de preferência humanista, ecológica e democrática.
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É assim vital não ser arrogante para com a cidade e os seus cidadãos. Agir ecológica e equitativamente, construindo os suportes para a materialização dos direitos urbanos, e assim actuar sobre as dimensões e os espaços mais pertinentes, como é o caso da mobilidade e da inclusão social; da escala da metrópole à escala de cada bairro. Em diversidade, em pluralidade, em convivência. A revolução urbana é inevitável. Temos tudo a ganhar se a compreendermos e acompanharmos. Aproximando a Polis da cidade; e vice-versa.

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http://www.publico.pt/local-lisboa/jornal/a-revolucao-urbana-26758398

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