12 de outubro de 2013

EXPOSIÇÃO - Detroit: ponto morto?

Quando:
12/10 A 01/12

Onde:
CENTRO CULTURAL SÃO PAULO

Enquanto uma parte significativa do mundo hoje recicla e aumenta suas cidades através da construção incessante, o que mais cresce nos quarteirões urbanos da cidade de Henry Ford são o tomate, a pimenta, o milho e a berinjela. Sendo Detroit a cidade-sede da indústria automobilística mundial, sua derrocada é tomada como o símbolo do colapso do modelo “fordista”, baseado na produção em série, em meio à sociedade da informação. Contudo, em termos urbanos, sua crise expressa as consequências danosas da suburbanização, fortemente alimentada pela difusão do automóvel a partir dos anos 1950. Não é por acaso que um dos primeiros shopping centers do mundo foi construído em sua borda (Northland, 1953).

Cidade-motor (Motor Town), Detroit gerou a gravadora Motown, que durante os anos 1960 revolucionou a música pop e soul americana através de artistas como Marvin Gaye, Diana Ross, Stevie Wonder e os Jackson Five. Com uma expressiva população negra e de baixa renda atraída pela oferta de empregos na indústria, a cidade viu crescerem os conflitos raciais. Enquanto isso, a população branca e rica se mudava para casas suburbanas distantes, diminuindo a arrecadação do município. Combalida pela competição do capital transnacional e pela fuga das montadoras para regiões periféricas, Detroit não reciclou sua economia, muito baseada na baixa escolarização e no trabalho alienado.

Predominantemente negra, ela foi vítima de uma seguida represália política e teve papel pioneiro nas contestações dos anos 1960 e 1970. Como consequência, em 50 anos Detroit perdeu quase dois terços de sua população, acumulando uma dívida superior a 20 bilhões de dólares. Sua trilha musical passou a ser o punk rock de Iggy Pop e, em seguida, o tecno e o rap de Eminem.

Pela situação agravada com a crise hipotecária de 2008, que provocou mais de 100 mil despejos na cidade, a prefeitura declarou falência em julho último e sofreu intervenção estadual. Com um terço de seu território abandonado e vazio, casas e prédios em ruínas, quase metade da iluminação pública desativada, parques fechados e alto índice de desemprego e homicídios, cresceram, por outro lado, as hortas comunitárias: associações de pessoas que passaram a se apropriar dos terrenos vazios para plantar alimentos e criar um senso renovado de comunidade. Seriam novos caminhos cooperativos apontando práticas alternativas de vida na cidade pós-industrial ou regressão a um estágio arcaico de subsistência?


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http://www.xbienaldearquitetura.org.br/detroit-ponto-morto/#.UovLwH8gGK0

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