4 de julho de 2014

HOMELAND - NEWS FROM PORTUGAL na BIENAL DE VENEZA

A 14ª Exposição Internacional de Arquitetura - La Biennale di Venezia, decorre entre 7 de junho e 23 de novembro de 2014.



"HOMELAND | News from Portugal" é o título do projeto da Representação Oficial de Portugal.

"HOMELAND | News from Portugal" é um jornal. Um instrumento expositivo não convencional que será o veículo de informação de conteúdos originais, especificamente produzidos para o projeto da Representação Portuguesa, por uma equipa pluridisciplinar que reúne aproximadamente 90 profissionais das áreas da arquitetura, da economia, sociologia, geografia, história, antropologia, fotografia, do direito e do design.
Todos participam com a sua reflexão crítica sobre a habitação, sob diversas perspetivas, tendo como matéria-prima o campo de excelência da experimentação arquitetónica, elemento determinante e primário da construção urbana e territorial, e enquanto reflexo social e cultural de quem a habita.


O projeto irá reportar conteúdos noticiosos produzidos com base em duas áreas essenciais de reflexão:

1. Reflexão Cronológica onde se pretende avaliar a evolução da habitação em Portugal;

2. Reflexão Propositiva sobre 6 temáticas tipológicas, com 6 projetos urbanísticos que decorrerão ao longo dos 6 meses de duração da Bienal e que serão protagonizados por 6 grupos de arquitetos focados em 6 cidades portuguesas - Porto, Matosinhos, Loures, Lisboa, Setúbal e Évora - sobre 6 tipologias habitacionais - temporária, informal, unifamiliar, coletiva, rural e de reabilitação.
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A crise da habitação não reside diretamente na falta de alojamento. Este paradoxo é constituído por processos logísticos, migratórios, especulativos, económicos, políticos e, nesse contexto, a arquitetura foi "puxada" para trabalhar sobre si mesma, no limite do lote ou em especulações delirantes e académicas.
A habitação é o campo de excelência para a experimentação e laboratório da modernidade em vários momentos da história da arquitetura nacional em que a habitação foi a razão fundamental do debate da construção da sociedade.


..., impõe-se hoje, novamente, uma questão fundamental: refletir não só sobre as razões deste paradoxo mas também sobre a atuação e posicionamento da arquitetura perante uma realidade muito diversa e fragmentada no parque habitacional.


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HOMELAND | News from Portugal" terá três edições, cada uma com uma tiragem de 55.000 exemplares. A sua distribuição, a decorrer ao longo do período de duração da Bienal de Veneza, será gratuita.

SEIS PROJETOS PARA "HOMELAND | NEWS FROM PORTUGAL"

PORTO
O projeto irá explorar o conceito TEMPORÁRIO na perspetiva de imaginar modelos de ocupação estratégica de edifícios devolutos, numa ótica de dinâmica cultural. Os modos de habitar têm vindo a alterar-se ao longo dos anos em Portugal, devido às transformações sociológicas das famílias, da flexibilidade laboral e do encurtamento de distâncias. A transitoriedade é um sintoma da sociedade pós-moderna que requer um repensar dos lugares e da cidade a partir de uma perspetiva menos rígida: as tipologias arquitetónicas e a morfologia da cidade enquanto realidades em constante transformação. Deverá a cidade por onde fluem estes trânsitos oferecer novos léxicos de acolhimento? 

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Perseguir-se-á o desenho de um sistema que possibilite a implementação de uma estratégia de flexibilização de edifícios vazios, privilegiando a ocupação em vez do abandono, a dinâmica em vez da estagnação e a oportunidade em vez da dificuldade.




MATOSINHOS
O tema INFORMAL é explorado em duas vertentes: uma reflexão sobre a génese, as especificidades e a atualidade deste fenómeno urbano em Portugal, e uma proposta prática que questiona o campo de atuação do arquiteto. 


Após a euforia, nas últimas décadas, na indústria da construção e do imobiliário, que atraiu em massa, quase exclusivamente, a prática e o pensamento da arquitetura e do urbanismo mais mediatizado, o que ficou como herança nos vastos territórios que cresceram à margem dessas práticas?


A intervenção reafirma o papel do arquiteto como mediador e ator de um processo que parte do conhecimento do território, em prol das comunidades e do interesse público e coletivo. 

Pretende criar-se, em Monte Xisto (Matosinhos), um projeto-piloto participado e de investimento partilhado entre moradores, autoridades locais e uma rede de indústrias.



LOURES
Um dos mais visíveis e dramáticos efeitos do presente contexto de crise na paisagem urbana Portuguesa é a quantidade de construções inacabadas e abandonadas que a povoam. Estas estruturas monumentais e silenciosas são representativas não apenas a estagnação dos setores da construção e do imobiliário, mas também de uma inerente desagregação da sociedade, consequentemente, são sintomáticas da dificuldade da Arquitetura Contemporânea em veicular os interesses do âmbito Publico.


O projeto Convocar o COLECTIVO pretende oferecer uma resposta experimental e inovadora a esta problemática. O objetivo central é desencadear e coordenar procedimentos que viabilizem a conclusão de uma edificação incompleta cujas obras tenham sido suspensas e que não tenham nenhuma expectativa de virem a ser retomadas. Para tal propõe-se, por um lado, usar a "agência" arquitetónica para liderar uma plataforma negocial que procura consensos e entendimentos entre proprietários, agentes financeiros, empresas de construção, autarquia e futuros habitantes, e por outro, radicalizar o modo de conceber habitação plurifamiliar, sendo mais atento e generoso relativamente aos espaços comuns e mais flexível, diferenciável, configurável, personalizável em relação ao habitat. Em última análise, espera-se que este caminho contribua para reforçar o papel da Arquitetura na Sociedade e para traçar uma aproximação de dois domínios que nos tempos recentes têm estado em oposição direta: interesse social e interesse económico. 




LISBOA
O projeto a realizar irá refletir sobre o tema-base da REABILITAÇÃO com duas abordagens que pretendem construir modelos operativos, no sentido de implementar estratégias de regeneração urbana para a cidade de Lisboa.

 A intervenção Lisbon Skyline Operation é um projeto que tem como objetivo apresentar soluções pragmáticas para a reabilitação urbana de Lisboa. A partir da união de interesses entre moradores, proprietários, investidores e autoridades municipais é possível desenhar uma estratégia partilhada capaz de inverter o processo de degradação do centro histórico da cidade.

Aproveitando um recurso emblemático da cidade de Lisboa – a paisagem de coberturas desabitadas - a proposta pretende aferir as potencialidades escondidas nos últimos pisos dos prédios. As coberturas de Lisboa são um recurso físico capaz de permitir a reabilitação de muitos edifícios e a proposta concebe uma estratégia que poderá desencadear um processo viral, dinamizador da cidade e com a capacidade de ir desenhando um novo skyline habitado.


Lisbon Skyline Operation propõe o redesenho e o aproveitamento das muitas coberturas vazias e subaproveitadas de Lisboa, por forma a estimular uma reabilitação participada da cidade. A proposta descortina soluções para a regeneração da cidade acreditando na competência dos seus moradores e na força coletiva das ações individuais, edifício a edifício, cobertura a cobertura.



SETÚBAL
O projeto irá explorar o conceito UNIFAMILIAR, na procura de uma forma de pensar a intimidade em arquitetura e como isso pode influenciar o processo de habitar o território que escapa às atuais ferramentas de organização do território.

 Partindo deste tema desenvolveu-se uma "Carta para Lugares de Intimidade" composta por três elementos: um "Mapa de Lugares de Intimidade", o projeto de um "Espaço de Intimidade" e uma reflexão sobre a sua forma de pensar arquitetura. Esta Carta decorre de uma vontade de pensar a Intimidade em arquitetura como um tema intemporal, que atravessa os tempos, as paisagens e as próprias transformações culturais, sociais e económicas da sociedade, mas também como um tema que pode ser aplicado a qualquer escala do desenho arquitetónico, trazendo para o território o olhar atento e íntimo do desenho, normalmente associado à escala da casa. Um tema que pode, inclusivamente, caracterizar um modo de pensar arquitetura.

A identificação destes lugares parte, exatamente, dessa relação íntima que se estabelece entre a leitura de um território vasto e as suas singularidades, que escapam a olhares mais distantes e à macro-escala de planeamento urbano. A casa unifamiliar - pensada e desenhada a partir de cada um destes espaços - consegue, por conseguinte, criar, com estes lugares, uma relação íntima para a qual traz as características que os diferenciam entre si.



ÉVORA
A abordagem ao tema RURAL foi decomposta em duas perspetivas distintas, uma analítica e outra propositiva, mas inter-relacionadas. A perspetiva analítica é uma reflexão sobre o legado agrícola herdado (espaços, paisagem e estruturas), as alterações dos padrões de vida e de habitação das populações rurais e/ou urbanas no Alentejo, antigo celeiro de Portugal. A perspetiva propositiva consiste no projeto para a reabilitação e reconversão de uma destas antigas estruturas agrícolas, um Celeiro obsoleto e com problemas estruturais, no limite do centro histórico de Évora.

Ver texto completo:
http://oasrs.org/-/homeland-news-from-portugal-na-bienal-de-veneza

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