Nelson Brissac
(Universidade Católica de S. Paulo, Brasil)
In:
As Cidades - 2º workshop de investigação - 25 Fev 2010
A megacidade é resultado de um processo de desenvolvimento assimétrico e desigual. Investimentos intensivos em enclaves corporativos e habitacionais convivem com a desindustrialização e o abandono de vastas regiões da cidade. Uma combinação de dispersão e integração global criou um novo papel estratégico para as grandes metrópoles, com mudanças massivas na sua base econômica, organização espacial e estrutura social. Uma descontinuidade sistêmica se estabelece entre a cidade global e seus respectivos países, entre os diferentes setores de uma mesma cidade (Sassen, 1991).
A mobilidade internacional do capital e sua velocidade crescente engendram formas específicas de articulação entre as diferentes áreas geográficas. Surgem novas formas de concentração locacional, resultantes da mobilidade do capital e de sua dispersão geográfica. Uma mudança na geografia das atividades econômicas que implica a constituição de novas relações entre os vários componentes de cada locação particular. Um espaço ao mesmo tempo centralizado em locações estratégicas e transterritorial, na medida em que conecta sítios que não são geograficamente aproximados.
Como transformações em cidades como São Paulo responderam a essa dinâmica? A megacidade indica a constituição de novas formas espaciais, resultantes do impacto da globalização (Castells, 1999). Uma configuração caracterizada pelas conexões funcionais estabelecidas em vastas extensões de territórios, mas com muita descontinuidade em padrões de ocupação do solo. As hierarquias sociais e funcionais das megacidades são indistintas e misturadas em termos de espaço, organizadas em setores reduzidos e improvisados, com focos inesperados de novos usos.
Será o urbanismo capaz de inventar e implementar na escala requerida pelo desenvolvimento demográfico e espacial das cidades? A urbanização pervasiva modificou a condição urbana para além de todo reconhecimento. Um novo urbanismo é requerido, capaz de expandir noções, negar fronteiras, descobrindo múltiplas composições. Manipular infra- estrutura para intensificações e diversificações permanentes, irrigando territórios com potencial. Gerar uma massa crítica de renovação urbana (Koolhaas, 1995).
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Investimentos intensivos em enclaves corporativos e habitacionais convivem com o abandono de vastas regiões da cidade. Nestas áreas proliferam favelas, comércio de rua, atividades de reciclagem e outros modos informais de ocupação do espaço urbano. Aí diversos grupos sociais desenvolvem dispositivos de sobrevivência, equipamentos para habitar e operar na grande metrópole.
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Artistas e arquitetos têm desenvolvido, recentemente, propostas de intervenção para diferentes situações da grande metrópole. Projetos que indicam procedimentos alternativos diante da reestruturação global de São Paulo, baseados na ativação dos espaços intersticiais e na diversificação do uso da infra-estrutura. Propostas que, em certa medida, retomam procedimentos engendrados pelas populações itinerantes que ocupam esses vazios urbanos. Operações que visam detectar o surgimento de novas condições urbanas, identificar suas linhas de força e instrumentalizar seus agentes. Projetos que se contrapõem à apropriação institucional e corporativa do espaço urbano e da arte. Trata-se de, no cenário vigente da administração das cidades e da cultura, dominado por operações corporativas e institucionais de grande poder econômico e político, criar novos modos de intervenção em megacidades.
Link para texto integral:
http://www.proximofuturo.gulbenkian.pt/sites/proximofuturo/files/ficheiros/NELSON_BRISSAC_Gulbenkian_texto01.pdf
22 de julho de 2012
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1 comentário:
Desenvolvimento Sustentável é satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades.
Leia mais sobre soluções para megacidades.
http://www.siemens.com.br/desenvolvimento-sustentado-em-megacidades/
Alessandra Ribeiro
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